Júlio César Teixeira da Costa
Empresário, diretor da Cape Eventos
O mercado de eventos caminhava para mais um ano de recordes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o segmento movimenta cerca de R$ 50 bilhões por ano em todo o Brasil, com um crescimento anual de até 14%, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas e Eventos (Abeoc).
No entanto, veio a pandemia do novo coronavírus. E essa verdadeira indústria foi atingida em cheio, sendo uma das primeiras a ser nocauteada pelas ações de contenção social para evitar a propagação da doença, ainda no começo do mês passado. É um cenário preocupante e desafiador. Mas que não pode ser motivo para provocar ainda mais desemprego e prejuízos a uma economia que será abalada em escala global.
Minha empresa, uma das líderes nacionais no segmento de eventos, assumiu o compromisso de não medir esforços para preservar os empregos de seus colaboradores. São profissionais dedicados, capacitados e que precisam agora, mais que nunca, de seu sustento em meio à pandemia. Não demitiremos ninguém.
Faço um apelo a meus colegas empresários para que façam o mesmo. Sei que é uma grande luta, mas simplesmente não é justo demitir quem nos ajudou a realizar tantas conquistas, exatamente no momento em que mais necessitam de um horizonte em meio a tantas incertezas.
A epidemia está prestes a se agravar. Ainda há um longo caminho pela frente antes da dita normalidade retornar. Colocar nossos colaboradores e suas famílias sem qualquer perspectiva para enfrentar esse desafio com altivez e serenidade não é correto, não é humano.
Tenho conversado com colegas do setor para conversar e conscientizar sobre o impacto social de demitir colaboradores às vésperas do agravamento da epidemia. A grande parte está disposta a evitar ao máximo qualquer desligamento, pois sabem que o impacto social seria devastador, ampliando o quadro de prejuízos do próprio setor de eventos assim que o país recomeçar sua rotina, que obviamente nunca mais será a mesma.
Só unidos é que vamos superar esse imenso desafio. Em breve, tenho certeza, retomaremos os congressos, simpósios, feiras e shows, ainda mais fortalecidos e prontos para recuperar uma das áreas mais promissoras da economia nacional, que emprega direta e indiretamente aproximadamente 7,5 milhões de pessoas e representa 4,3% do PIB do Brasil, segundo estudo do Sebrae com a Abeoc.
Nas demais áreas, os desafios são diversos. Mas o primeiro passo é ter consciência de que quem tem capacidade e estrutura para superar esse momento é o empresário, não o funcionário. Adiante férias, ofereça oficinas on-line de aprimoramento profissional, mantenha contato constante com sua equipe.
Saber que não está só nessa crise inédita na Humanidade é algo que conforta qualquer chefe de família. Tenho certeza que manter essa ligação e compromisso com seus colaboradores os fará retornar ao trabalho ainda mais felizes em ajudá-lo a realizar suas metas e ampliar os horizontes de sua empresa.
Criatividade, perseverança e empenho são a marca do empreendedor brasileiro. É hora de colocá-las à prova. Por favor, não demita.
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